Os arminianos em geral não são unânimes no que diz respeito à
doutrina da perseverança dos Santos. É quase consenso que Jacó Armínio não se
posicionou a respeito do assunto, deixando a cargo das gerações futuras a
tarefa de aprofundarem o estudo do tema. No entanto, alguns estudiosos afirmam que
Armínio nunca defendeu a possibilidade da apostasia. Já Keith Stanglin, defende
nesta obra que Armínio via a apostasia como algo possível de ocorrer.
A obra tem 65 páginas dividas em quatro capítulos. No
primeiro capítulo, Apostasia e certeza:
uma preocupação cristã, são mostrados alguns motivos pelos quais é
importante se discutir a visão de Armínio a respeito do assunto.
No segundo capítulo, Armínio
sobre a perseverança, Stanglin defende a tese de que Armínio acreditava na
possibilidade real da apostasia, e que um erro de tradução dos textos originais
de Armínio para o inglês seria o responsável pelo entendimento errôneo dos
eruditos modernos a respeito do que pensava Jacó Armínio sobre o assunto.
No terceiro capítulo, Certeza,
são abordados dois problemas pastorais que influenciaram os escritos de
Armínio a respeito do tema. O primeiro problema foi a falta de certeza da
salvação por parte de alguns fiéis da sua congregação. Essa falta de certeza
acabou levando alguns para o que Armínio chamava de “desespero” ou “ausência de
esperança”. O segundo problema, seria o oposto do primeiro. Armínio testemunhou, na sua experiência
pastoral, que alguns cristãos, presumivelmente embasados em Romanos 7, entendiam
que nada do que eles fizessem ou deixassem de fazer interferiria na
salvação. Tal atitude frustrou Armínio
no seu tempo como pastor. Armínio chamou esse estado de “ausência de cuidado”.
A partir dessas situações práticas do dia-a-dia do seu ministério pastoral,
Armínio concluiu que a doutrina calvinista não oferecia respostas contundentes
para solucionar esses problemas, e que somente uma doutrina que levasse em
consideração o desejo de Deus em salvar a todos (Expiação Ilimitada) e a possibilidade
de se resistir à graça salvadora (Graça resistível) seria capaz de evitar esses
extremos.
Por fim, nas Reflexões
Prático-Teológicas, são feitas algumas reflexões a respeito do papel da
justificação e da santificação no processo da salvação. Assim também, como o
sistema calvinista e arminiano lidam com a doutrina da certeza da salvação, e
como o sistema arminiano tem a melhor resposta para encontrar um meio termo
entre o “desespero” e a “ausência de cuidado”.
A presente obra é uma excelente explanação do quinto ponto do
Arminianismo. O profundo conhecimento da obra de Armínio, por parte do autor,
confere a obra uma profundidade teológica ímpar. O único senão é o autor, em
diversas passagens do livro, confundir “sistema calvinista” e “sistema
reformado”. Ao fazer isso, inconscientemente, reforça o mito de que só é reformado
quem é monergista. O mesmo desconsidera o fato de que a igreja reformada, até
o Sínodo de Dort, convivia muito bem com as tradições monergista e sinergista. Isso, no entanto, não invalida a relevância da obra. Livro mais do
que indicado.

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