A presente obra, escrita pelo filósofo brasileiro Mário Ferreira dos Santos, foi publicada em 1967 e inaugurou uma coleção chamada Uma Nova Consciência composta por outros livros do autor.
O livro é divido em duas
partes, mas ainda no prefácio o autor trata esclarecer alguns termos que são fundamentais
para o entendido do que se seguirá. Inicialmente o autor define o termo bárbaro. Usado por gregos e romanos para referir-se ao
estrangeiro, com o passar do tempo, o termo passou a designar o não civilizado, o inculto. É nesse sentido que o termo é usado no livro. O autor
também descreve os tipos de invasão, usando os casos da Grécia e de Roma como
analogias. Primeiramente, a invasão horizontal, que se processa a partir da
penetração pacífica ou violenta de povos em um determinado território já
ocupado por outro povo, impondo-lhe assim os seus costumes. Já a invasão
vertical, se processa pela cultura, minando os seus fundamentos, abrindo assim,
espaços para que esta seja solapada. É dessa invasão vertical de que trata o
autor nesse livro.
Na primeira parte, Invasão Vertical dos Bárbaros na
Sensibilidade e na Afetividade, o autor descreve como os bárbaros tem usado
a afetividade para contrapor a razão. E os exemplos são vários: a
supervalorização da força, a valorização do corpo em detrimento da mente, a
disseminação do mau gosto, a exploração da sensualidade, a valorização do criminoso
como um ser inteligente e hábil ou, até mesmo, apenas como uma pessoa doente.
Na segunda parte, O Barbarismo e a Intelectualidade, é
descrito o processo pelo qual a inteligência tem sido desvalorizada e com o “especialista”
tem sido cada vez mais valorizado. Como a universidade, a despeito do nome e da
sua origem, tem servido aos propósitos bárbaros, na medida em que estas castram
a imaginação de seus estudantes e abraçam cegamente as ideologias dos gurus
pseudointelectuais. Aqui também é
tratada a relação entre Filosofia, Ciência e Fé e como o materialismo tem
tomado conta dos círculos “intelectuais” da atualidade.
Invasão Vertical dos
Bárbaros é uma manifesto. Livro escrito há cinquenta anos, mas que poderia
muito bem ter sido escrito ontem, tal a atualidade dos temas abordados. Como
uma espécie de profeta, Mário Ferreira dos Santos clama: “Bárbaros intramuros!”
Cabe identificarmos quem são esses bárbaros e como eles agem, para que o melhor
da cultura ocidental não sucumba.


