Em Busca da Espiritualidade - Carlos Queiroz

Em busca da espiritualidade, do pastor Carlos Queiroz, é divido em duas partes. Onde na primeira, Práticas de espiritualidade na vitrina religiosa brasileira, o autor descreve cinco formas de espiritualidade, a saber, a espiritualidade num cristianismo idolátrico, fertilizada pela magia e pelo fetichismo, como fenômeno de mercado, que supervaloriza o estético em detrimento do ético e a gnóstica e sensitiva. Todas são avaliadas negativamente, tanto em contextos católicos quanto protestantes. 

Na segunda parte, Fundamentos da espiritualidade e missão, o procura uma alternativa inspirada no modelo de Jesus Cristo para fugirmos dos tipos de espiritualidade anteriormente abordados. São listados quatro eixos do evangelho - graça; amor; humildade e fé e justiça, que nos permite uma aproximação de uma missão humanizadora.

Como já é de praxe nos livros de Carlos Queiroz, essa obra, apesar das poucas páginas – cento e duas, é mais um daqueles livros para ler e reler sempre que possível. Cada página revela inúmeras reflexões que nos faz repensar o tipo de cristianismo que estamos vivendo. Carlos Queiroz, aqui, é uma das “vozes no deserto” que clama contra esse “evangelho” mercantilizado e idolátrico que entope as prateleiras gospel da igreja brasileira atual.

 

As Seis Lições - Ludwig von Mises

O presente livro é fruto de algumas palestras proferidas por Mises na Argentina no final da década de 50 a estudantes argentinos. Estão contidas nesse livro seis palestras que foram gravadas e depois transcritas por sua esposa, Margit Von Mises.

A primeira lição, O Capitalismo, Mises explica como o capitalismo a artir da sua produção em massa e para as massas, fez com que as classes mais baixas tivessem acesso a bens que antes só seria acessível à nobreza. O capitalismo também concedeu poder a essa classe mais baixa, visto que numa sociedade de livre comércio os grandes empresários disputam a preferência dos consumidores que lhes compram os produtos. Ele também explica que o capitalismo foi o responsável pelo aumento da expectativa de vida dos países que se industrializaram fazendo com que a população mundial aumentasse significativamente.

Na segunda lição, O Socialismo, Mises mostra, com exemplos práticos porque o Capitalismo é uma opção bem melhor do que o Socialismo, e como a ausência de um mercado livre impossibilita o cálculo econômico e consequentemente o planejamento econômico.

Na terceira lição, Intervencionismo, é explicado como a intervenção estatal no mercado faz com que alguns bens de consumo sumam das prateleiras elevando assim os seus preços.

Na quarta lição, A Inflação, Mises explica o processo que deflagra a inflação e como o governo e até os sindicatos podem intensificar os efeitos da inflação.

Na quinta lição, Investimento Externo, é explicado a necessidade de capital para o desenvolvimento de um país, e o investimento externo foi fundamental para que países como os EUA se tornasse a grande potência econômica que é hoje.

Na sexta lição, Políticas e ideias, Mises finaliza com uma análise das políticas econômicas que estão por trás dos eventos políticos. Também analisa como o sistema republicano, onde um legislador deveria representar toda uma nação, transformou em um sistema onde os legisladores defendem apenas os interesses específicos de alguns grupos.

Esse livro é considerado um clássico. É a base do pensamento de Mises. Imprescindível como uma introdução à Escola Austríaca de Economia.

 

 

 

 

 

 

Ditadura Envergonhada - Elio Gaspari (Coleção Ditadura Vol. 1)

O livro A ditadura envergonhada inaugura uma série de cinco livros, escritos pelo jornalista Elio Gaspari, que aborda de forma meticulosa os acontecimentos desde período tão controverso da história recente brasileira.

O primeiro volume possui 430 páginas e é divido em três partes. A primeira parte, A queda, aborda os últimos acontecimentos do governo Jango, como a sua visita à China, o comício na Central do Brasil e a marcha da família com Deus em São Paulo, que culminou com a deposição do presidente João Goulart na madrugada do dia 31 de março a 01 de abril de 1964.

Na parte II, A violência, Elio Gaspari mostra como o Regime Militar, apesar do golpe ter acontecido com relativa tranquilidade, se comparado a outros golpes acontecidos em países latino americanos, usou da violência para sufocar os que se opunham ao Regime. E como a tortura passou a integrar, paulatinamente, os métodos de investigação do governo, fazendo com que a grande mídia e, consequentemente, a opinião pública ficassem confusas em relação aos militares que eles ajudaram a chegar ao poder.

A construção, título da parte III, trata de como a Esquerda, através de vários grupos clandestinos, se organiza para a luta armada. Assaltos a bancos e carros fortes, sequestros e assassinatos são alguns dos expedientes usados pelos grupos de esquerda que advogavam a luta armada como a única forma de derrubar o regime. A Direita responde à altura, e a chamada “linha dura” dos militares ganha força no governo, e a tortura, antes usada de forma esporádica, agora se torna um instrumento cada vez mais frequente e “requintado”.

A presente obra surpreende pela vasta referência bibliográfica e pelos depoimentos tomados dos personagens que fizeram parte da história. O autor discorre sobre detalhes de eventos que provavelmente não são abordados em outras obras de menor envergadura. Mas o que mais chama atenção é a forma de abordar os acontecimentos, sem demonizar ou exaltar quem quer que seja. Uma abordagem muito próxima da imparcialidade, já que imparcialidade só existe na cabeça dos inocentes. Ótimo livro para ter uma compreensão dos pormenores desse período tão importante da nossa história.