domingo, 25 de fevereiro de 2018

Cidade dos Etéreos - Ransom Riggs




Cidade dos Etéreos, escrito pelo autor norte-americano Ransom Riggs, é a continuação do Lar da Senhorita Peregrine para Crianças Peculiares, e começa exatamente como termina o primeiro livro. As crianças peculiares, juntamente com a Sra Peregrine, em forma de ave, pois a mesma foi ferida na sua luta contra os acólitos e agora não pode voltar à forma humana, em barcos navegando em mar aberto à procura de uma outra fenda temporal, já que a fenda onde eles habitavam foi descoberta pelos seus inimigos.

Então a tônica do livro é essa. Encontrar outra fenda temporal, onde haja uma Ymbryne que possa ajudar a Sra Peregrine a retorna a forma humana. Nessa busca, eles viajam no tempo, se deparam com outras criaturas peculiares e com seus inimigos, etéreos e acólitos.

O livro tem momentos de muita ação, mas também momentos de monotonia. Apesar disso o final salva a obra, pois é muito surpreendente, fazendo com que a leitura do terceiro, e último, livro da série, se torne quase que obrigatória.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Salvação Integral - Marlon Silva Marques






Salvação integral é o primeiro livro de Marlon Marques, pastor metodista e estudioso da obra de John Wesley, que discorre sobre a contribuição teológica do mesmo no âmbito pessoal e social. A obra é divida em três capítulos.
No primeiro capítulo, A Soteriologia Arminiana de John Wesley e do Wesleyanismo em Geral, Marlon Marques aborda especificamente a soteriologia de Wesley, primeiramente refutando as acusações de que ele seria pelagiano ou semi-pelagiano, e em seguida, mostrando que a teologia wesleyana está de acordo com cada um dos cinco pontos do Arminianismo, a saber, Depravação Total, Eleição Condicional, Expiação Ilimitada, Graça Resistível e Possibilidade de Apostasia.

No capítulo dois, Caminho da Salvação na Tradição Wesleyana, são abordadas as três etapas da graça de acordo com entendimento de John Wesley. A Graça Preveniente, responsável por restaurar o livre arbítrio humano a fim de que este possa prestar contas com Deus. A Graça Justificadora, que justifica o ser humano. Vale ressaltar aqui o fato de que Wesley entendia que a justificação antecedia a santificação. Já que “Deus justifica pecadores, e não santos”. E por fim, A Graça Santificadora, que permite que o cristão seja perfeito, ou seja, não cometa pecados conscientes.

No terceiro capítulo, Missão Plena (ou Integral) em John Wesley, o autor destaca que o wesleyanismo, por ser predominantemente pós-milenista, possui uma visão otimista do final dos tempos. Tal visão escatológica entende que a expansão do evangelho fará com que ocorra uma grande transformação social no mundo. Daí a grande ênfase de Wesley ao evangelho social. São abordados também alguns aspectos de semelhança do wesleyanismo com a Teologia da Libertação e com a Teologia da Missão Integral. Merece também destaque a contribuição de Charles Wesley, irmão de John Wesley, para as causas sociais.

Livro imprescindível para todos que pretendem ser introduzidos no grandioso legado de John Wesley. Obra sucinta, mas bem fundamenta com citações do próprio Wesley, revelando uma acurada pesquisa por parte do autor. O ponto alto da obra é o capítulo três, onde podemos ver como John Wesley atuou de maneira relevante na sociedade em que vivia, não só como um pregador do evangelho, mas como um instrumento de mudança social. Destaque para a sua luta contra a escravidão. Wesley, com a coragem de um João Batista, denunciou e confrontou os comerciantes de escravos a respeito de tão hedionda prática. Que no presente século surjam mais homens e mulheres com a intrepidez de um John Wesley para sacudir as nações.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Perseverança dos Santos - Keith Stanglin




O livro Perseverança dos Santos é uma expansão de algumas palestras proferidas por Keith Stanglin, considerado um especialista na obra de Jacó Armínio, em algumas cidades no Brasil no ano de 2016.  A tradução coube a Wellington Mariano, também um grande estudioso do assunto e autor do livro O que Teologia Arminiana?

Os arminianos em geral não são unânimes no que diz respeito à doutrina da perseverança dos Santos. É quase consenso que Jacó Armínio não se posicionou a respeito do assunto, deixando a cargo das gerações futuras a tarefa de aprofundarem o estudo do tema. No entanto, alguns estudiosos afirmam que Armínio nunca defendeu a possibilidade da apostasia. Já Keith Stanglin, defende nesta obra que Armínio via a apostasia como algo possível de ocorrer.

A obra tem 65 páginas dividas em quatro capítulos. No primeiro capítulo, Apostasia e certeza: uma preocupação cristã, são mostrados alguns motivos pelos quais é importante se discutir a visão de Armínio a respeito do assunto.

No segundo capítulo, Armínio sobre a perseverança, Stanglin defende a tese de que Armínio acreditava na possibilidade real da apostasia, e que um erro de tradução dos textos originais de Armínio para o inglês seria o responsável pelo entendimento errôneo dos eruditos modernos a respeito do que pensava Jacó Armínio sobre o assunto.

No terceiro capítulo, Certeza, são abordados dois problemas pastorais que influenciaram os escritos de Armínio a respeito do tema. O primeiro problema foi a falta de certeza da salvação por parte de alguns fiéis da sua congregação. Essa falta de certeza acabou levando alguns para o que Armínio chamava de “desespero” ou “ausência de esperança”. O segundo problema, seria o oposto do primeiro.  Armínio testemunhou, na sua experiência pastoral, que alguns cristãos, presumivelmente embasados em Romanos 7, entendiam que nada do que eles fizessem ou deixassem de fazer interferiria na salvação.  Tal atitude frustrou Armínio no seu tempo como pastor. Armínio chamou esse estado de “ausência de cuidado”. A partir dessas situações práticas do dia-a-dia do seu ministério pastoral, Armínio concluiu que a doutrina calvinista não oferecia respostas contundentes para solucionar esses problemas, e que somente uma doutrina que levasse em consideração o desejo de Deus em salvar a todos (Expiação Ilimitada) e a possibilidade de se resistir à graça salvadora (Graça resistível) seria capaz de evitar esses extremos.

Por fim, nas Reflexões Prático-Teológicas, são feitas algumas reflexões a respeito do papel da justificação e da santificação no processo da salvação. Assim também, como o sistema calvinista e arminiano lidam com a doutrina da certeza da salvação, e como o sistema arminiano tem a melhor resposta para encontrar um meio termo entre o “desespero” e a “ausência de cuidado”.

A presente obra é uma excelente explanação do quinto ponto do Arminianismo. O profundo conhecimento da obra de Armínio, por parte do autor, confere a obra uma profundidade teológica ímpar. O único senão é o autor, em diversas passagens do livro, confundir “sistema calvinista” e “sistema reformado”. Ao fazer isso, inconscientemente, reforça o mito de que só é reformado quem é monergista. O mesmo desconsidera o fato de que a igreja reformada, até o Sínodo de Dort, convivia muito bem com as tradições monergista e sinergista. Isso, no entanto, não invalida a relevância da obra. Livro mais do que indicado.


 

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

As ideias conservadoras - João Pereira Coutinho





João Pereira Coutinho é um cientista político português e professor da Universidade Católica Portuguesa. Na presente obra, lançando mão das ideias de gigantes do conservadorismo, como Edmund Burke, Roger Scruton, John Kekes entre outros, traça um perfil geral das principais ideias conservadoras.

No primeiro capítulo, As Ideias Conservadoras, o autor trata de diferenciar o conservador, do progressista e do reacionário. Enquanto estes são utópicos, o progressista buscando uma felicidade futura e o reacionário uma felicidade passada, o conservador é alguém que se posiciona contra uma ameaça real aos fundamentos institucionais da sociedade.

O segundo capítulo, Imperfeição humana, mostra que todo conservador crê que o ser humano é imperfeito. Por isso, o conservador é antes de tudo um pessimista.  Daí a sua recusa em abraçar as utopias que prometem um mundo ideal. O político conservador então deverá sempre adotar o meio termo entre os extremos progressistas e reacionários.

O Sentido da Realidade é o título do terceiro capítulo e mostra que é preciso que o estadista conservador entenda a realidade tal como ela é, e não como deveria ser, segundo os seus sonhos ou projetos. É primordial a esse estadista afastar a “falácia agregadora” de que fala Roger Scruton, falácia essa de que todos os valores serão combinados na sua expressão máxima. Cabe ao estadista conservador adotar uma maleabilidade capaz de escolher valores mínimos, decorrentes da natureza humana universal que indicará aquilo que devemos fazer ou não.

No quarto capítulo, Os testes do tempo, Coutinho aborda o fato de que os conservadores valorizam as tradições porque estas passaram pelo teste do tempo. As tradições se mostraram válidas para as gerações passadas, por isso chegaram até nós. É preciso então saber o que conservar, antes de começar a reformar.

Em seguida, no quinto capítulo, A reforma prudente, são traçados algumas diretrizes para uma reforma que vê na tradição “um relevante papel educacional, epistemológico e político”. Em qualquer reforma a perda é inevitável e o ganho apenas possível, daí a necessidade de prudência. A mudança deve ser pontual, a fim de se corrigir um defeito específico e preservar o que se encontra em risco.

No sexto capítulo, “A sociedade comercial”, o autor defende que dentre os diversos sistemas econômicos, o livre comércio é o que melhor representa os valores conservadores, visto que esse sistema leva em consideração as escolhas livres e naturais dos indivíduos, o que não ocorre nos sistemas econômicos coletivistas e centralizados. A função do Estado, então, seria garantir o funcionamento dessa sociedade de livre comércio.

E por fim, Conservadores ou monomaníacos: uma conclusão, é feita uma revisitação de alguns conceitos importantes abordados nos capítulos anteriores a fim de ser traçar um perfil de um governo conservador, tratando de, veementemente, diferenciá-lo de um governo progressista ou reacionário.

Em um país onde o sistema de ensino e a mídia estão tomados pelo “progressismo”.  Onde o termo “conservador” tornou-se um anátema. O presente livro vem para dirimir dúvidas e colocar os “pingos nos is”. Livro mais do que essencial para entendermos o verdadeiro conservadorismo e fugirmos dos estereótipos.


 

Expiação Ilimitada - Carlos Vailatti





Diferentemente do que ensina a expiação limitada, doutrina que diz que Cristo morreu apenas para os eleitos, ou seja, aqueles que supostamente teriam sido escolhidos incondicionalmente a partir de um decreto divino, a expiação ilimitada entende que Cristo morreu por toda humanidade. No entanto, isso não quer dizer que todos serão salvos, como advoga o universalismo, mas que todos, sem exceção, podem ser salvos mediante a fé em Jesus Cristo.

Na presente obra, Carlos Vailatti, em quatro capítulos distribuídos em 160 páginas, nos apresenta algumas razões do porquê da doutrina da expiação ilimitada, doutrina essa que corresponde ao segundo artigo da Remonstrância, ser mais coerente com as Escrituras Sagradas do que a sua rival calvinista.

O primeiro capítulo, O conceito de expiação na Bíblia, trata da definição do termo “expiação” nas línguas originais, começando pelo Antigo Testamento hebraico, passando pela Septuaginta e culminando com o Novo Testamento. É um capítulo técnico, onde após verificar a variedade do termo, o autor chega à conclusão que “expiação”, de modo geral, significa a “ação por meio da qual a culpa podia ser removida pelo pecador”. Conclui ainda, que essa expiação é universal e que sempre parte de Deus para o pecador, nunca no sentido contrário.

Ao longo da história, surgiram várias teorias sobre a expiação. As principais delas são analisadas no segundo capítulo, Teoria sobre a expiação, ressaltando-se os pontos positivos e negativos de cada uma. É importante salientar que nenhuma teoria sobre a expiação é suficientemente apta para, isoladamente, explicar todo o real significado da grande obra de expiação feita por Cristo. É necessário então, tomarmos emprestado o que há de melhor em cada teoria para nos aproximarmos do real significado de tão grande obra.

No terceiro capítulo, A doutrina da expiação em Armínio, na Remonstrância e nos Cânones de Dort, a doutrina da expiação é analisada nessas três fontes. Após uma pesquisa introdutória nestes escritos, chega-se a conclusão que os remonstrantes mantiveram-se fiéis aos ensinos de Armínio, sendo seus legítimos “herdeiros”. Eles entendiam que a expiação é ilimitada por intenção e extensão, pois Deus quer salvar a todos e Cristo morreu por toda a humanidade. No entanto, ela é particular na sua aplicação, na medida em que somente os que têm fé são salvos. Já os Cânones de Dort, ratificam a expiação limitada em intenção, extensão e aplicação, afirmando que Cristo morreu apenas para um grupo de eleitos previamente escolhidos por Deus.

No quarto e último capítulo, Carlos Vailatti faz um trabalho de exegese dos principais textos da Bíblia usados, tanto por calvinistas quanto por arminianos, para defenderem suas respectivas visões quanto ao tipo de expiação. Esse capítulo é o ápice da obra, pois muito provavelmente, para a maioria dos que adquirirem esse livro, o que verdadeiramente interessa é a exegese dos textos bíblicos usados por ambos os sistemas. Talvez por isso, o autor tenha dedicado mais da metade do livro para este capítulo.

A obra cumpre bem o seu objetivo: “demonstrar que a doutrina arminiana da expiação ilimitada... parece ser a que melhor corresponde aos dados apresentados nas Escrituras acerca do tema da morte de Cristo”. O autor acerta ao ser sucinto nos três primeiros capítulos, que apesar de importantes, podem desmotivar o leitor leigo para o prosseguimento da leitura. Como falado anteriormente, o quarto capítulo é o ponto alto do livro, que por si só, já seria motivo suficiente para lê-lo. A forma honesta e clara como expõe e refuta os argumentos calvinistas, merecendo destaque a detalhada explanação de Romanos 9, tido por muitos como o “calcanhar de Aquiles” do Arminianismo, mostra honestidade intelectual aliada à erudição por parte do autor. Talvez o único senão, seja a desproporcionalidade entre a quantidade de textos ditos “calvinistas” e “arminianos”. Foram escolhidos cinco textos que dão suporte a teoria calvinista e nove para a arminiana. A exegese de pelo menos mais dois, ou três, textos usados por calvinistas favoreceria uma avaliação mais abrangente e equilibrada, mas isso em nada deprecia a obra, que é leitura obrigatória para todos que querem fazer um estudo sério, sem “espantalhos”, sobre o referido tema.


Teoria e método teológico no pensamento de Jacó Armínio - Valdemir Pires Moreira

Nesse ensaio, Valdemir Pires propõe uma análise da teologia de Jacó Armínio, mostrando que este utilizava três fundamentos para a sua...